Palestra de Bert Hellinger a professores em Taipei – 2001

Constelações familiares para professores


Universidade de Taipei – 2001

Bert Hellinger

(Fragmento da palestra proferida no departamento de educação da Universidade de Taipei – 10 de outubro de 2001.)

Introdução

Obrigado por sua introdução tão gentil e por seu convite para que eu esteja agora nesse departamento. Estou feliz aqui porque eu me treinei originalmente como professor.

 

Ensinei em escolas durante alguns anos na África do Sul e só mais tarde me movi para a área da psicoterapia. Mas embora eu seja um filósofo, eu me sinto como um professor. Aqui eu também me sinto como um professor.

 

Eu gostaria de compartilhar com vocês algumas coisas importantes que eu descobri ao longo dos anos.

 

Eu fui influenciado por muitas pessoas formidáveis, das quais uma é especialmente próxima ao meu coração — Confúcio. Quando eu descobri algumas dinâmicas que atuavam em famílias e li Confúcio, descobri que havia chegado tarde. As coisas mais importantes já haviam sido ditas por ele antes.

 

Mas eu descobri um método pelo qual coisas ocultas que atuam nas famílias podem vir à luz.

 

Por causa do fato de que muitas coisas importantes sobre as famílias que haviam sido descobertas e praticadas antes foram esquecidas ao longo do tempo.

 

Através das constelações familiares elas foram trazidas à luz de novo. Não somente através do ensinar, mas elas se fazem visíveis de uma forma vivencial e podem ser sentidas como verdadeiras. Eu descreverei brevemente o que isso significa.

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Agora eu fico viva!

Imaginem uma professora que tinha dificuldades com um de seus alunos. Aquele aluno não estava muito atento na escola, era frequentemente distraído e não conseguia aprender. E a professora disse, “O que eu farei com esse aluno?”.

 

Desse modo, ela veio a um seminário com esse aluno e com os pais desse aluno e eles me pediram ajuda. Então eu fiz uma constelação familiar.

 

Lá, de um lado, ficou a professora e o aluno que tinha então 14 anos , e do lado oposto coloquei os pais da criança. Em constelações familiares, quando se coloca uma constelação, eles subitamente se sentem de uma forma especial.

 

Quando eu olhei para o aluno, eu vi que ele estava muito triste. Eu olhei para ele e disse, “Você está muito triste”. E ele começou a chorar. Ao mesmo tempo, sua mãe começou a chorar.

 

Todos podiam ver que havia uma relação muito estreita entre esse aluno e sua mãe. Assim, eu disse a ele, “Você está triste no lugar de sua mãe”.

 

Isto é algo que surge nas constelações familiares, que crianças muito freqüentemente tomam para si sentimentos dos pais. Não é que estejam tristes por si mesmos mas tomam a tristeza da mãe sem saber o motivo.

 

Assim eu vi, que o problema não estava com o aluno, mas com sua mãe. Então eu fiz um movimento importante.

 

Eu tomei a mãe e a afastei da família. Na verdade ela estava se afastando da família. Quando ela ficou então virada para fora, eu perguntei a ela, “Você se sente melhor ou pior?”. Ela disse, “Me sinto melhor”. Isso não é estranho?

 

Como ela podia se sentir melhor quando afastada da família? Alguma coisa deveria ter acontecido em sua família de origem que a fazia se afastar de sua família atual.

 

Assim, perguntei a ela, “O que aconteceu em sua família de origem?”. Ela disse, “Eu tive uma irmã gêmea que morreu logo após o nascimento”. Agora veio a luz que ela, em seu coração, queria seguir sua irmã, de fato ela queria morrer como a irmã.

 

Aqui alguma coisa veio à luz, que muito frequentemente em uma família uma pessoa quer seguir outra sem ter um conhecimento consciente disso.

 

Vemos isso muito frequentemente. Por exemplo se uma mãe morre cedo ou o pai morre cedo, uma das crianças quer morre como eles. A questão é agora, “Como eles podem ser ajudados? Como podem ganhar força para permanecerem na vida?” Essa era a pegunta aqui também.

 

Mas primeiro eu fiz outra tentativa.

 

Coloquei a mãe de volta em seu lugar e então peguei seu filho e o coloquei no mesmo lugar onde a mãe tinha estado.

 

E isso significa, que eu experimentei se ele queria ir no lugar dela. Mas eu não sabia se isso era verdadeiro. Assim, eu o perguntei, “Quando você está nesse lugar, se sente melhor ou pior?”. Ele disse, “Sinto-me melhor”. E aí perguntei à mãe, “Como você se sente quando seu filho fica aqui nesse lugar?” Ela disse, “Me sinto melhor”. Agora, o que isso significa?

 

O filho sente em seu coração que sua mãe quer se ir e morrer , e ele diz, “Querida mamãe, eu faço isso em seu lugar.” Essa é uma das dinâmicas que vem à luz através das constelações familiares, que alguém queira morrer, e outra pessoa diga, “Eu faço isso em seu lugar.” Isso significa que o aluno era propenso ao suicídio. Era difícil para ele manter-se vivo.

 

Agora, quando a professora tornar a olhar para o aluno, ela sente uma compaixão pelo aluno, ela consegue entendê-lo melhor.

 

Esse era o problema. Agora a solução. Em muitas famílias acontecem dificuldades se um dos membros é excluído, se essa pessoa não tem um lugar naquela família.

 

Naquela família, a irmã gêmea era excluída.

 

Ela não era lembrada como um membro real da família. Desse modo, temos que completar a família.

 

Eu selecionei uma representante para a irmã gêmea excluída e a coloquei frente-a-frente com a mãe e o filho. Tão logo ela ficou defronte de sua irmã gêmea, abraçou-a com grande amor.

 

Dessa irmã gêmea fluiu grande amor pela irmã viva (mãe do garoto) e para o garoto. Então eu deixei a mãe dizer para sua irmã gêmea, “Eu a seguirei para a morte.”

 

Isso era o que ela realmente queria fazer, o que estava em seu coração. Eu só trouxe isso à luz. Eu deixei que a mãe olhasse nos olhos de sua irmã gêmea e dissesse, “Eu a seguirei para a morte.”

 

Mas quando ela disse isso abertamente, olhando para sua irmã gêmea, ela viu que a irmã morta não queria isso.

 

Porque irmãs se amam entre si. Assim a irmã gêmea disse a ela, e eu deixei que dissesse, “É suficiente se você vier mais tarde, fique viva enquanto sua vida durar.” Assim, com a benção de sua irmã gêmea, a mãe pôde dizer ao marido e ao filho, “Agora eu fico viva!”

 

Como resultado, o garoto não mais tinha que ir-se.

 

Ele também podia dizer, “Agora eu fico vivo!”. Isso mostra como , por meios simples, em constelações familiares podemos alcançar a solução de um problema difícil.

 

Em constelações familiares usualmente procedemos da seguinte maneira. Um cliente seleciona a partir de um grupo, representantes para certos membros de sua família e para si mesmo.

 

Então os coloca uns em relação a outros. Tão logo eles são colocados esses representantes se sentem tal qual a pessoa que representam sem nem mesmo conhecerem nada sobre ela.

 

E desse modo as constelações familiares trazem os segredos do amor oculto nas famílias à luz.

 

Tradução: Décio Fábio de Oliveira Júnior – 2007 – direitos reservados

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Fonte:  http://constelacaofamiliar.net.br/palestra-de-bert-hellinger-professores-em-taipei-2001/